Sempre que ouço falar de reciclagem e de consciência ambiental penso em ideias e projetos que estão sendo propostos o tempo todo pela mídia ou por empresas com consciência ambiental e por isso torna-se difícil propor ideias novas ou abordagens mais interessantes comparado com as que estão sendo atualmente propostas. Em consequência disso, trabalhar com o tema "Reciclar.... Reaprender... Recomeçar...", embora bastante oportuno, me parecia difícil de fugir de tudo que estava sendo trabalhado e já havia sido abordado. No entanto, grande foi minha surpresa quando a ideia de alunos ministrarem oficinas, onde ensinariam modos de se transformar material já usado em novos tipos de objetos, passou a ser melhor discutida, pensada e organizada no nosso CIEP.
Como toda nova ideia, de início ficou difícil visualizar o formato de como ocorreriam as oficinas, mas com o passar do tempo, a aceitação dos alunos e a disponibilidade deles e o ânimo de se “doarem” como ministrantes nessas oficinas a ideia começou a tomar forma e vida e do meu ponto de vista, tomou um formato antes não visto por meus olhos em nenhum dos projetos atuais que abordam o tema Meio Ambiente, não sei se digo isso porque tive a honra de apreciar o modo como a ideia se desenrolou sendo uma testemunha ocular desse momento ou se digo isso pelo efeito que vi essa ideia tendo nos nossos alunos.
Na segunda-feira, nosso primeiro dia de oficina, a noite começou um tanto conturbada, com alunos intrigados com o que ocorreria a seguir. Nós professores, nos dividimos no acompanhamento das oficinas, nos colocando à disposição para eventuais necessidades dos alunos ministrantes. Nosso acompanhamento deu um “norte” aos alunos apreciadores das oficinas pois puderam se guiar até as oficinas para as quais se inscreveram, e aos alunos ministrantes que puderam contar com nossa ajuda para organização da sala, do material, dos alunos que chegavam e procuravam lugar para se acomodarem. Alguns colegas professores, juntamente com nossa professora orientadora contribuíram em organizar o Coffee Break que seria oferecido no final das oficinas aos alunos. Como testemunha desse momento, o que posso dizer sobre minhas impressões é que fiquei verdadeiramente maravilhada com o que foi produzido, ensinado, trocado, apreciado por todos nós nessas oficinas.
Vi alunos que se diziam “sem jeito” para trabalhos manuais engajados, atentos, persistindo em lidar com sua suposta “falta de jeito” para conseguir realizar as atividades, vi os ministrantes das oficinas alegres e ligeiramente atarefados com o papel de “professores”, mas incrivelmente animados com a possibilidade da troca de lugar, também observei alunos que de início disseram que não participariam de nenhuma oficina, saindo no final das oficinas com sorrisos largo mostrando aos colegas e professores o trabalho produzido. Ter participado desse momento de troca, onde a escola ficou mais que viva, ficou “pulsante” de tanta entusiasmo e comprometimento me pareceu sem dúvida um momento único, único no projeto da própria escola, e único na vida desses alunos e na minha vida como professora. Muitas vezes, pela dificuldade de observar a concretude de um projeto nos permitimos a postura de céticos, e ter a possibilidade de mudar de postura, crendo que é possível um lindo trabalho como esse se realizar, é definitivamente um dos momentos da vida em que passamos a acreditar que mesmo que tudo não seja possível de realizar, podemos chegar bem pertinho do tudo.
A troca realizada entre os alunos e alunos, entre os alunos e professores, mostrou a possibilidade da escola que desejamos existir; a escola onde o conhecimento é construindo juntamente, onde os papéis estão intimamente relacionados o tempo todo. Essa é a escola que desejo trabalhar como professora, a escola que desejo como local de aprendizado para meus alunos... Essa escola é possível, e nessa segunda e terça, essa escola foi o CIEP Gregório Bezerra, do qual tenho orgulho de dizer que faço parte, em alguns momentos como professora e em outros, como nas oficinas, como aluna!
Débora Lopes
Querida Débora,
ResponderExcluirNosso mestre Paulo Freire, em suas doces palavras, sempre nos ensinou que todos somos detentores de saberes. Melhores ou piores? Não, apenas diferentes. Atuar na EJA nos aproxima demasiadamente dessa verdade: alunos e professores: todos sujeitos de muitos saberes.Parabéns para todos do Gregório Bezerra e um especial agradecimento por suas palavras tão importantes para quem atua no PEJA.
Flora
Flora,
ResponderExcluirObrigada por visitar nosso blog e mais ainda por demonstrar em palavras seu apreço por minha pequena contribuição nesse espaço tão seriamente trabalhado por Amanda Guerra... obrigada pelo carinho....sempre!
Débora Lopes.
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ResponderExcluirprofª veronica cunha disse...
ResponderExcluirA cada momento q visito virtualmente o Gregório me revitalizo e acredito que realmente o mestre Paulo Freire estava certo:para fazer educação é preciso ser gente e amar as gentes!
Parabéns,queridos!
EJA/Queimados