2013

Em breve...

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Venho aqui, pedir licença aos leitores, para publicar o texto de um amigo. Filipe Duret, professor de História, durante muitos anos trabalhou com EJA e deu-me a alegria e emoção de ler o texto que preparou para a formatura dos seus alunos do Ensino Médio em uma escola Estadual em Valença. Reproduzo aqui para finalizar o ano no blog com a esperança que se emocionem como eu quando li:
Sra. Diretora geral do CIEP 298 Manuel Duarte, profa. Aparecida de Cássia Rocha Navarro;
Sra. Diretora adjunta do CIEP 298 Manuel Duarte, profa. Júlia Pereira Vieira;
Autoridades presentes ou representadas;
Caros professores, colegas de jornada;
Senhores pais, demais familiares e amigos dos alunos formados,
Queridos alunos da turma 3001.

Inicialmente, gostaria de agradecer muitíssimo o convite para ser o paraninfo desta turma e assim, assumir esta tão importante tarefa que é a de proferir a última aula para vocês. Prometo não tomar muito o tempo, afinal, é momento de festa, comemoração e alegria. Mas não posso me furtar de cumprir com esta tarefa.
Mais que uma aula de história, o que eu queria compartilhar com vocês hoje é uma aula de cidadania. Uma aula de democracia. Uma aula de respeito e senso crítico. Enfim, uma aula sobre “o mundo e as coisas” (se é que isso é possível…)
Antes de ser escolhido como paraninfo desta turma, tinha planejado escrever uma carta direcionada a vocês. Não uma carta de despedia, mas uma carta de “até logo”, com votos de felicidades e sucesso nesta nova fase da vida de vocês.
Há um fado português que eu gosto muito, e que diz o seguinte:
“as coisas vulgares que há na vida não deixam saudades
só as lembranças que doem ou que nos fazem sorrir
Há gente que fica na história
na história da gente.”

Eu não podia deixar de usar uma musica hoje, não é? Primeira consideração a ser feita: Vocês estão na minha história. E vocês também estão na história uns dos outros. Enfim, estamos todos, felizmente, uns na história dos outros.
Segunda consideração a ser feita: não sei se em algum momento cheguei a comentar com vocês o porquê da minha escolha em ser educador. Posso garantir a vocês que docência não é sacerdócio, como alguns dizem. Conseqüentemente, não desejo, de maneira alguma me sentir ou ser canonizado. A minha escolha recai sobre um compromisso cidadão. Tive a boa sorte de ter toda a minha formação, desde as séries iniciais até a pós-graduação, cursada em bancos de instituições públicas. Numa delas, entoávamos um hino que começava dizendo que “Nós levamos nas mãos, o futuro de uma grande e brilhante nação” e concluía invocando “Por isso sem temer, foi sempre o nosso lema buscarmos no saber a perfeição suprema.” Isso moldou o meu caráter, os meus valores. Enfim, me moldou como educador.
Deste modo, sempre que ingresso em uma sala de aula, busco cumprir com um compromisso assumido não só comigo, mas com toda uma nação que confiou às minhas mãos, (e às mãos de colegas habilidosos e conscientes como os que temos a boa sorte de termos no nosso CIEP) a educação de cada um de vocês.
Como disse, aqui neste colégio, encontrei condições plenas para o desenvolvimento não só da minha profissão, mas do meu prazer. Mais do que toda a estrutura, apoio da instituição e liberdade que me foi dada no cumprimento do meu exercício, vocês foram indispensáveis (e marquem bem a palavra i-n-d-i-s-p-e-n-s-á-v-e-i-s) para que a tarefa fosse concluída com êxito. Sem vocês, nada disso aqui fez, faz ou faria sentido.
Terceira consideração: devo dizer que vocês cumpriram com suas obrigações cidadãs com louvor. Pode parecer estranho falar em obrigações cidadãs, ainda mais nesta solenidade, mas vai aqui mais um ensinamento, mais uma análise crítica, e talvez a mais importante de todas elas: vivemos hoje, o que eu costumo rotular de uma da “histeria de direitos”, o que significa que atingimos um grau impressionante de conhecimento dos direitos que temos. Entretanto, muitas das vezes (eu diria que na grande maioria dos casos), essa consciência supera o bom senso, e se transforma em histeria generalizada. As pessoas querem garantir seus direitos a todo custo, sem inclusive, observar a ultrapassagem dos limites legais, levando ao extremo a fórmula de Maquiavel, na qual “os fins justificam os meios”. No entanto, direitos cidadãos sempre, e de maneira inseparável, vêm acompanhados de obrigações cidadãs. No nosso caso, vocês têm direito à educação. Isto é um direito constitucional inalienável. Porém, ao ingressarem numa escola pública, vocês assumem o compromisso com toda uma sociedade que paga impostos, (e conseqüentemente o meu salário, o salário de todos os colegas, a estrutura física, o material de consumo): o compromisso de aprenderem não só os conteúdos programáticos, mas também aprender a convivência. Convivência com os iguais. Com os diferentes. Com o colega legal. Com o chato. Com as regras, e o mais importante, com o exercício da democracia e da cidadania.
Assim sendo, gostaria de congratular a todos vocês formandos da turma 3001, o cumprimento exemplar deste compromisso cidadão. Tenho certeza que a partir do dia de hoje vocês irão ganhar o mundo, cada qual desenvolvendo suas habilidades, seus conhecimentos, e sua cidadania. E isto foi uma coisa que vocês aprenderam aqui. E que eu aprendi mais um pouquinho com vocês. E, para mim, ter a clareza de que em todos os sentidos a minha função de educador (e a dos colegas também) foi concluída com êxito é motivo de muito, muito orgulho! Como já citei anteriormente, este orgulho só é possível porque vocês permitiram de maneira bem humorada (vez ou outra até demais, né!), respeitosa e afetuosa que nós educadores cumpríssemos este missão. Paulo Freire, mestre de muitos de nós escreveu, certa feita, em um livro tão famoso quanto ele próprio que “Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.”
Hoje, deixo vocês com este último ensinamento do mestre Freire, na esperança de que vocês continuem educando uns aos outros, mediados pelo mundo, com todas as dificuldades que surgirão, mas também com todas as alegrias que a transposição dessas dificuldades nos proporciona. Tenham sempre em mente o ensinamento de uma conhecida canção judaica que diz que “o mundo é sustentado por três coisas: pela verdade, pela justiça e pela paz.
E o mais importante disso tudo. Não se esqueçam que “há gente que fica na história, na história da gente”. Afinal, nossa história não acaba aqui. Porque ela não acabará nunca.

Feliz Natal e Ano Novo

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

“Como é grande o meu amor por você”



Eu tenho tanto pra lhes falar
Mas com palavras não sei dizer
Como é grande o meu amor por vocês

E não há nada pra comparar
Para poder lhe explicar
Como é grande o meu amor por vocês
Nem mesmo o céu nem as estrelas
Nem mesmo o mar e o infinito
Não é maior que o meu amor
Nem mais bonito
Me desespero a procurar
Alguma forma de lhe falar
Como é grande o meu amor por você
Nunca se esqueça, nem um segundo
Que eu tenho o amor maior do mundo
Como é grande o meu amor por vocês
Mas como é grande o meu amor por você.
O ano acabou e muitas foram as emoções …
Quem não se lembra da visita à Exposição de Cora Coralina? A festa do dia do estudante onde ganhei um liquidificar? Ou à minha festa de aniversário antes da hora? Ou ao nosso Chá Literário com a presença da minha mãe? Nossa tentativa de ver os bonecos do mundo, onde não conseguimos chegar pelo engarrafamento na Av. Brasil? Ou as semanas de oficinas de material reciclado? E você acha que acabou? Ainda tivemos mais....tivemos a festa na escola Suíça, a mudança de casas da professora, tivemos minhas festa de aniversário, tá festa junina onde dançamos o forró...e para quem achava que o ano passou rápido, a retrospectiva nos fez lembrar de que o ano foi longo.
Nesse ano alguns ganharam família, pais, mães, filho, mas acima de tudo...todos ganhamos amigos. Quem não se lembra das piadas de Pedro? Ou das risadas que nunca chegavam ao fim de Maria Duarte? Ou dos carinhos de Marcelo aos amigos homens? Quem não se lembra ainda dos investimentos do nosso Elias empresário? Ou das falas infindáveis de Cida? Ou dos longos cabelos de Rita, que ficaram pequenos com o passar do ano? Ou das vezes que Roselhe brigou com Pedro? Ou dos silêncios de Sandra, Tatiana e Das Dores? Ou das falas loucas de Carlos Marciano?Ou do “Chatonildo”?
Sim..meu amores, o ano foi longo....e muito aprendemos, nos divertimos, nos acariciamos, nos amamos..de um jeito puro...que só alunos como os meus podem fazer.
Foi um prazer. Um prazer ser sua professora, mestre, “mãe”, “filha” e “amiga”. Foi um prazer estar com vocês e deixarem fazer parte de minha vida .
As vezes se acha que tem pouco na vida, mas duvido que alguém possa dizer que teve mais do que nós. Choramos, rimos e estivemos juntos por esse ano. E foi um lindo ano. Um ano de grandes realizações, as quais foi um prazer compartilhar com vocês e permitir que fizessem parte delas.
Como diz nosso Rei Roberto Carlos,
Me desespero a procurar
Alguma forma de lhe falar
Como é grande o meu amor por você... me faltam palavras para expressar o prazer, a alegria e o amor que me proporcionaram nesse ano...por isso finalizo o ano...apenas dizendo...MUITO OBRIGADA!!



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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Oficinas

Neste ano contamos com a participação dos bolsistas do PET- Conexões Diversidade, o Programa de Extensão Tutorial - Conexões de Saberes da UFRJ. Nossos alunos do PEJA juntamente com os professores participaram de Oficinas com alunos da Graduação em Ciências Sociais, Pedagogia e História, sobre "Cultura Negra".

Aqui vão algumas fotos e um trecho do blog do grupo sobre o trabalho na EJA






















A aula que me deram na Penha

A oficina realizada no Ciep Gregório Bezerra foi uma experiência gratificante, pois possibilitou que houvesse um aprendizado mutuo. O inicio de nossa troca de saberes se deu com o estranhamento entre duas formas de escrever poema, a rebuscada (português “bonito”) e a coloquial ( português popular). Nos questionamos de qual maneira seria a “correta” de escrever uma poesia de amor para que a temática do embranquecimento cultural fosse introduzida.
Não foi uma conversa fácil, pois temos engessado em nosso pensamento um aprendizado que privilegia uma cultura (a do colonizador) em detrimento das demais matrizes culturais de nossa nação brasileira. O foco da oficina não é a retirada da matriz lusitana, mas sim a afirmação de que temos em nossa formação cultural três culturas geradoras, sendo assim o aprendizado não deve se basear em uma ou outra e sim em todas.
As opiniões manifestadas foram interessantes e confesso que as mesmas deixaram o direcionamento da oficina um tanto quanto dificultoso, pois quando se faz um planejamento a expectativa criada é que tudo aconteça conforme o planejado. Contudo não foi isso que houve e acredito que esse seja o maior ganho de conhecimento proporcionado por esta experiência, o inesperado serve para que possamos reavaliar nossos posicionamentos, já que necessitamos da sensibilidade para percebermos as reações e informações que nos são dadas e assim refletirmos sobre outra forma de trocarmos conhecimentos sem imposições. Este é o grande desafio desconstruir a imagem do oficineiro como um detentor do saber e os demais como receptores do mesmo, ou seja, estabelecer uma relação horizontal em um espaço hierarquizante, como a sala de aula.
Trabalhamos com poesias de autores de diversos países do continente africano, com discussões em grupo para após compartilharmos com o coletivo. A interpretação das poesias foram ótimas, houveram resistências decorrentes da maneira escrita. Contudo as conclusões foram interessantes, pois o grupo estava aberto para a apresentação de algo novo e também depois de um tempo alguns se sentiram mais a vontade para exporem suas opiniões.
Conseguimos ao final desta experiência perceber que temos muito da cultura indígena e africana em nosso cotidiano. Nos mantivemos discutindo a influencia na escrita e concluímos coletivamente que, como disse um educando da EJA,“quem domina dá as regras do jogo”.

texto originalmente publicado aqui

Para ler mais sobre as oficinas,  e sobre esse trabalho espetacular de Pesquisa, visite: PET CONEXÕES DIVERSIDADE

A TURMA 171 E O PARQUE ARY BARROSO

RIO DE JANEIRO, 05/11/2011.

A TURMA 171 E O PARQUE ARY BARROSO

             A Grécia lembrou, depois de aceitar o acordo europeu que havia um povo a ser ouvido. Afinal o berço da democracia por um tempo esqueceu-se de ouvir a principal protagonista do país, a sua população.
            Aqui no Brasil, mais precisamente no Rio de Janeiro, na onda “Vamos Salvar o Planeta Terra”, até neste item há divergências de importância de regiões na cidade. Enquanto em Madureira está sendo construído um belo parque, aqui na Penha fecha-se um parque (Ary Barroso) em nome da segurança pública, sem consultar a população do bairro, se no momento as pessoas usuárias concederiam o seu espaço de lazer verde, porém não foram ouvidos.
            A turma 171 ao trabalhar a notícia abaixo, resolveu mostrar a sua indignação em relação ao fechamento do Parque Ary Barroso, através de um trabalho de desenho e produção de texto para ser mostrado no corredor cultural do CIEP, além disso, também foi um momento de resgatar  lembranças de ocasiões especiais para muitos alunos.                               
                                                                                                                           ( PROF.ª MARIA FELÍCIA)


RIO DE JANEIRO, 03 DE NOVEMBRO DE 2011.
Hoje é 07 de novembro de 2011, o primeiro ministro da Grécia renunciou ao cargo,com certeza por causa da consulta à população, realmente os tempos são outros.

Professora Maria Felicia

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

E por falar em leitura...

E POR FALAR EM LEITURA...
“Sabemos que a paixão pela leitura não vem no código genético das pessoas. Ela deve ser cultivada, incentivada e ensinada.”
Fernando José de Almeida

O ano de 2011 foi um ano impar, literalmente. Aliás, todos os dias são ímpares. E refletindo sobre o trabalho este ano, obviamente ele também foi ímpar. Não vou falar de tudo, mas faço aqui, uma análise do meu trabalho de professor regente de Sala de Leitura, especificamente com o PEJA.
Embora o trabalho de Sala de Leitura esteja diretamente ligado à prática de sala de aula, foi uma experiência nova, por ter outra dimensão do fazer pedagógico.
Especificamente o trabalho com o PEJA para mim foi um grande desafio. Nunca tinha lidado com turmas de jovens e adultos e confesso que isso me assustou um pouco. Mas no primeiro encontro percebi que de um jeito ou de outro eu estava lidando com alunos e podem acreditar independente da idade, são todos iguais, respeitando as devidas proporções.
Certo aluno de uma das turmas, participando de uma roda de leitura com o livro Lampião e Lancelot de Fernando Vilela, ficou encantado com a minha estratégia de leitura, pois caprichei no sotaque como se fosse uma repentista; professor é mesmo meio artista, faz de tudo para conquistar seu público...
Outro aluno, numa sessão de um curta, Felicidade Clandestina de Clarice Lispector, se emocionou ao ouvir a mesma história do curta em forma de texto lido por mim, relembrou trechos de sua infância no Recife...
 Nas turmas 191 e 192 numa produção de texto coletiva vivenciei uns dos momentos mais descontraídos desse ano. Foi uma troca muito boa onde todos participaram mesmo com todas as dificuldades.
 Não posso deixar de colocar o tempo, “tempo, tempo, tempo...”. Tive poucos encontros com as turmas, e apesar de significativos, foram pouco efetivos, precisamos rever este ponto e tentar no ano de 2012 ter uma freqüência de encontros maior, bem como aumentar o número de empréstimos de livros.
A Sala de Leitura de nossa escola, embora não ainda o ideal, tem um acervo muito bom e precisamos aproveitar melhor este espaço, que é pedagógico e fundamental para formação de leitores.
Deixo aqui meu agradecimento à direção da escola, a professora orientadora do PEJA, aos professores das turmas e aos alunos que oportunizaram o meu trabalho e o enriquecimento da minha formação.
Um grande abraço,
Boas férias,
E que venha 2012!
Com carinho, Josi.